Autor: Glauco Arbix
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Pela primeira vez no mundo, cirurgiões do Massachusetts General Hospital, em Boston, transplantaram um rim de porco geneticamente alterado para um homem negro, de 62 anos, que se encontrava em estado de saúde crítico. A equipe de cientistas foi comandada por um médico brasileiro, Leonardo Riella. O professor Glauco Arbix esclarece que o rim transplantado foi de um porco especialmente criado para esse fim, “um rim modificado geneticamente, exatamente para poder ser utilizado em humanos, mesmo assim uma cirurgia de alto risco, já que o sistema imunológico humano costuma reagir fortemente contra qualquer implante, que é considerado um corpo estranho. No caso da cirurgia de Boston, o paciente sobrevive bem até agora, sempre com a vida permanentemente supervisionada pelos cientistas”.
O rim implantado em Boston foi geneticamente modificado por uma startup: foram 69 modificações genéticas feitas por essa startup especializada, que já arrecadou mais de US$300 milhões em investimento para estender suas pesquisas para outros órgãos, como fígado e coração. “Os porcos são candidatos ideais para se tornarem doadores, porque crescem rapidamente e seus órgãos têm tamanho e funcionalidade semelhante aos dos humanos. Aqui no Brasil, equipes da Faculdade de Medicina, aqui da nossa USP, do Instituto de Biociências e do Incor trabalham com técnicas semelhantes, inclusive articulados com uma startup do professor Silvano Raia, um dos pioneiros de transplantes de órgãos do Brasil e um dos principais cientistas que coordenam esse projeto aqui na USP”.
Ele conclui: “Apesar do feito científico, é sempre bom lembrar o enorme caminho a percorrer, porque a pesquisa na engenharia genética precisa coletar constantemente dados, inclusive com a ajuda da inteligência artificial, para aperfeiçoar cada vez mais os transplantes. Tem muita gente e situação de alto risco: apenas para lembrar, mais de 50% das crianças que precisam de um novo coração morrem enquanto esperam por um transplante. Os pesquisadores de hoje não se abatem diante dos enormes desafios científicos que temos pela frente – com feitos como o de Boston, a Ciência consegue irradiar um pouco de esperança para milhões de pessoas. É a ciência que procura salvar vidas e nós temos que estar junto com ela, dando todo o nosso apoio”.
Fonte: https://jornal.usp.br/radio-usp/cientista-brasileiro-participa-de-transplante-de-rim-de-porco-nos-eua/
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