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Os médicos brasileiros Felipe Roitberg (na foto, à direita) e Fabio Moraes são coautores de artigo publicado no Lancet Oncology que levanta questões centrais sobre o tratamento do câncer e os rumos da pesquisa e desenvolvimento. “A oncologia precisa de uma abordagem recalibrada que seja mais centrada no paciente e priorize o tratamento equitativo do câncer.
Uma abordagem que priorize as necessidades dos pacientes com tratamentos que melhorem a sobrevida e a qualidade de vida, promova a tomada de decisões informadas e garanta que esses tratamentos sejam acessíveis a todos os pacientes”, defende a publicação.
Os autores argumentam que as decisões envolvidas no tratamento do câncer estão cada vez mais complexas para médicos e pacientes. Enquanto algumas terapias oferecem grandes benefícios, muitos novos tratamentos aprovados não ajudam os pacientes a viver mais ou melhor. “Todos os tratamentos de câncer têm efeitos colaterais, podem causar ônus financeiro substancial e resultar em tempo perdido para os pacientes passados no hospital, em vez do convívio com amigos e família. Assim, é importante não apenas estudar e promover tratamentos que melhorem a sobrevida ou qualidade de vida (ou ambos), mas também identificar tratamentos que não atendem a esses desfechos”.
Outra questão central envolve um paradoxo preocupante na oncologia: enquanto há uso excessivo de terapias com benefícios muito pequenos, há inúmeros pacientes em todo o mundo que não têm acesso a tratamentos que podem fazer diferença significativa em suas vidas.
Os autores apontam razões multifatoriais que ajudam a explicar o cenário atual, mas como fator-chave lembram que ao longo das últimas décadas o financiamento à pesquisa clínica deixou de ser predominantemente público, com estudos projetados para responder questões importantes para os pacientes, passando a ser essencialmente financiados pela indústria, projetados para obter aprovação regulatória ou vantagens comerciais. “O controle da agenda de pesquisa pela indústria criou um sistema que se concentra predominantemente em novos medicamentos contra o câncer, em detrimento da investigação de novas abordagens para cirurgia, radioterapia, cuidados paliativos e prevenção”, descrevem.
O artigo tem como primeiro autor o oncologista canadense Christopher M. Booth e destaca que em muitas partes do mundo a maioria dos indivíduos diagnosticados tem câncer incurável, mas sequer têm acesso a alívio adequado da dor e a cuidados paliativos.
A escalada dos custos envolvidos na assistência é outro aspecto central. “Em alguns países, novos medicamentos contra o câncer custam mais de US$ 200.000 por ano, incluindo aqueles que não ajudam os pacientes a viver mais”, sublinha o artigo, com a crítica de que uma proporção substancial da receita da indústria é usada para campanhas de marketing para influenciar pacientes, formuladores de políticas e oncologistas, independentemente de necessidades clínicas.
Booth et al. descrevem que em abril de 2023 oncologistas, acadêmicos e organizações de pacientes se reuniram na Queen's University, no Canadá, em encontro que estabeleceu princípios básicos para orientar o desenvolvimento de um movimento designado Common Sense Oncology (CSO), o Senso Comum em Oncologia, centrado no paciente. O movimento definiu princípios orientadores que, inicialmente, se concentram em três pilares: geração de evidências, interpretação de evidências e comunicação de evidências. O CSO também é norteado por preceitos que definem sua Visão e Missão (veja abaixo), com o objetivo de garantir acesso de qualidade e terapias que atendam desfechos realmente relevantes.
Senso Comum em Oncologia: resultados que importam.
Missão:
Garantir que o tratamento do câncer se concentre nos desfechos que realmente importam para os pacientes.
Visão:
Os pacientes devem ter acesso a tratamentos de câncer que proporcionem melhorias significativas em desfechos importantes, independentemente de onde vivem ou do sistema de saúde;
Os desfechos que importam para os pacientes devem estar no centro de todos os ensaios clínicos para registro de medicamentos;
Os desfechos que importam para os pacientes devem ser o padrão para todas as decisões regulatórias envolvendo medicamentos;
A pesquisa clínica deve ser transparente e usar linguagem que pode ser entendida claramente por oncologistas e pacientes;
Os pacientes devem receber uma comunicação clara sobre as opções de tratamento que lhes permita tomar decisões informadas e alinhadas com seus objetivos e valores pessoais;
Os únicos tratamentos registrados, reembolsados e recomendados, são aqueles que melhoram significativamente a vida dos pacientes;
A Oncologia de Senso Comum fundamentada na medicina baseada em evidências e na avaliação crítica torna-se um componente curricular central para programas de treinamento em oncologia;
Os sistemas de saúde devem investir no desenvolvimento de novos tratamentos e garantir que os pacientes tenham acesso para se beneficiar de tratamentos de eficácia comprovada.
Reportagem retirada de https://www.onconews.com.br/site/noticias/noticias/ultimas/7220-desfechos-que-realmente-importam-no-tratamento-do-c%C3%A2ncer.html
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