IA na medicina já é realidade: veja como ela está transformando o cuidado clínico no Brasil.
A inteligência artificial (IA) na medicina já é realidade. Presente em exames, diagnósticos, cirurgias e no acompanhamento remoto de pacientes, ela está transformando o cuidado em saúde. Diante dessa revolução tecnológica, surge uma questão essencial: como equilibrar inovação com o olhar humano que a medicina exige?
Com o avanço das ferramentas digitais, profissionais da saúde ganham aliados para lidar com a sobrecarga de dados, a escassez de tempo e a complexidade dos casos clínicos. A IA pode identificar doenças antes dos sintomas, sugerir tratamentos personalizados e prever complicações. Ao mesmo tempo, surgem desafios éticos, técnicos e uma necessidade crescente de capacitação.
Inovação com responsabilidade
Sistemas inteligentes já conseguem analisar centenas de exames em segundos, destacando áreas suspeitas com precisão comparável à de especialistas. Segundo estudo publicado na Revista Brasileira de Oftalmologia, algoritmos de IA aplicados a imagens de fundo de olho obtidas por smartphone alcançaram entre 70% e 100% na detecção de retinopatia diabética (OLIVEIRA et. al, 2024). Essa tecnologia tem potencial para ampliar o acesso ao diagnóstico em regiões com infraestrutura limitada, reforçando o compromisso com a equidade no cuidado.
No Brasil, a inovação também avança em outras frentes. Um exemplo é o chip bioeletrônico desenvolvido pela USP, capaz de identificar vitaminas C e D na saliva em menos de 20 minutos. O dispositivo permite o automonitoramento de micronutrientes e pode ser integrado a tecnologias vestíveis, promovendo uma abordagem preventiva e personalizada.
Outro destaque é o Centro de Referência em Inteligência Artificial em Saúde (CEREIA), vinculado à Universidade Federal do Ceará e apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O projeto desenvolve soluções em IA voltadas ao diagnóstico e prevenção de doenças, reforçando o papel da pesquisa pública na inovação clínica e na formação de profissionais para a saúde digital.
Além dos exames, a IA também está presente no cotidiano dos consultórios e centros cirúrgicos. Ela pode monitorar sinais vitais em tempo real, sugerir ajustes durante procedimentos e acompanhar pacientes remotamente por meio de aplicativos e dispositivos inteligentes. Ao cruzar dados genéticos, clínicos e ambientais, propõe abordagens sob medida, aumentando a eficácia terapêutica e reduzindo efeitos adversos.
Apesar dos avanços, ainda existem desafios. A privacidade dos dados precisa ser garantida. A responsabilidade por decisões médicas deve ser bem definida. E nem todas as instituições têm infraestrutura para adotar essas tecnologias, o que pode ampliar desigualdades no acesso à saúde.
A IA oferece precisão, agilidade e personalização, mas exige preparo, ética e sensibilidade. O futuro da medicina será cada vez mais colaborativo entre humanos e máquinas. No entanto, o cuidado, a escuta e a empatia continuam sendo insubstituíveis.
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Referência
OLIVEIRA, L. E. S. de; SILVA, M. C. da; SANTIAGO, R. V. C. de; BENEVIDES, C. A.; CUNHA, C. C. H.; MATOS, A. G. . Diagnóstico da retinopatia diabética por inteligência artificial por meio de smartphone. Rev. Bras. Oftalmol., v. 83, e0006, jan. 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbof/a/gcQkgQV77rsrDm3p8xZGGzK. Acesso em 15 out. 2025. Licença Creative Commons (CC BY-ND 4.0), https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/.